Aumento nos artigos publicados por mulheres no país chegou a 11% em 20 anos. Hoje, elas já respondem por 49% dos pesquisadores
Em 2017, a Elsevier, maior editora científica do mundo, publicou uma pesquisa que mostra o avanço das mulheres no campo da pesquisa científica em todo mundo, mas principalmente no Brasil. A publicação de artigos científicos por pesquisadoras cresceu 11% nos últimos 20 anos. Entre os países pesquisados no estudo, Brasil e Portugal são os que apresentam o maior número de mulheres autoras de trabalhos acadêmicos, 49% do total.
A Faculdade de Ciências do Tocantins – FACIT-TO, com sede em Araguaína (TO), é um exemplo emblemático desta estatística. Das nove pesquisas de iniciação científica em andamento, seis são desenvolvidas por mulheres.
A coordenadora de Pesquisa da instituição, Dra. Carla Cecília Alandia Román, explica que, na FACIT-TO, a iniciação científica é um pilar fundamental para a educação e desenvolvimento da sociedade.
“O incentivo aos alunos é constante. Temos programas e bolsas de iniciação científica, encontros, como o ‘Café com Ciência’, e grupos de estudos para conversar sobre pesquisa e aprimorar conhecimentos em diversas áreas. E o interesse das acadêmicas tem crescido ano após ano”, diz a professora.
Na vanguarda regional
Uma prova do investimento que a FACIT-TO faz em pesquisa foi a recente aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, ligada ao Conselho Nacional de Saúde – CNS e ao Ministério da Saúde.
“O CEP irá beneficiar toda a comunidade acadêmica e profissional da região e qualquer Estado que tenha co-participação em projetos de pesquisa com a FACIT-TO. Isso garante agilidade na aprovação de projetos de pesquisa que envolva seres humanos”, completa a diretora geral da faculdade, Dra. Ângela Maria Silva.
Motivação
A acadêmica do 7º período de Odontologia, Laryssa Felismina de Lima Santos, aliou regionalismo com interesse científico. A pesquisa dela trata do comportamento das resinas compostas no contato com o açaí, alimento amplamente consumido na região.
“O interesse pela pesquisa partiu do incentivo das professoras, principalmente da professora Carla, que me instigou a pensar em coisas novas, e daí veio a curiosidade sobre o assunto. Enxergo de forma muito otimista esse aumento do interesse das mulheres pela área científica, que até então era dominada por homens. Acredito que o esforço e dedicação das mulheres contribuíram demais com isso”, conta Laryssa.
Comprometimento
Dra. Severina Alves de Almeida é professora na FACIT e pesquisadora interdisciplinar. Ela atua nas áreas da Educação Indígena, Interculturalidade, Sociolinguística, entre outras. Atualmente, a pesquisa de pós-doutorado da docente trata da construção de um Currículo Bilíngue e Intercultural para as escolas das aldeias indígenas Apinajé São José e Mariazinha, na região norte do Tocantins.
“O pesquisador precisa ter postura ética em todas fases da pesquisa. É preciso respeitar o outro, o objeto da pesquisa, em todas suas dimensões. E é também fundamental entregar vários pontos de vista, interpretações, uma interação ampla com os participantes da pesquisa”, pontua a docente.
Dra. Carla também destaca que as mulheres reúnem características, qualidades e potencial para liderança e que as recentes conquistas femininas em todos os âmbitos da sociedade são a prova maior da ampla capacidade de estar presente, com excelência, em todos os cenários.
“Isso me enche de orgulho e entusiasmo. O estudo e a pesquisa libertam, abrem os olhos e a mente para um mundo de novas possibilidades. É preciso ter amor, respeito e humildade em todas as etapas de uma pesquisa. Todos nós temos algo para ensinar e muito para aprender”, conclui a coordenadora.
Fonte auxiliar de dados: Portal Fiocruz (https://bit.ly/2HAeRiy)