“O cuidado não é virtual, é real, tangível, tem corpo e forma”
O Ensino à Distância (EaD) permitiu que muitos brasileiros tivessem acesso ao Ensino Superior graças à flexibilidade de horários e baixo investimento. Em sua grande maioria, a modalidade contempla cursos de pós-graduação e graduação, principalmente na área de Humanas.
Mas uma das grandes discussões atuais é sobre o uso do EaD para cursos superiores da área da Saúde, como a Enfermagem. A necessidade de aulas práticas frequentes, metodologias ativas de ensino, suporte de laboratório, entre outras estruturas, levantam dúvidas sobre a qualidade da formação do aluno à distância.
No último dia 21 de agosto, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) emitiu uma nota alertando a sociedade para os riscos da Portaria 800/2021, publicada pelo Ministério da Educação, que amplia a oferta dos cursos de Enfermagem EaD.
Conforme a publicação do Confen, “a Enfermagem é uma profissão de assistência direta ao paciente, presente na vida de recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Os conhecimentos teórico-práticos necessários à formação de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem envolvem práticas sociais, éticas e legais que se processam pelo ensino e assistência. Não são passíveis de aquisição via teleaulas, porque o cuidado não é virtual, é real, tangível, tem corpo e forma. A integração entre ensino, serviços de saúde e comunidade é fundamental para a formação integral dos futuros profissionais.”
Investimento sério
Projeto estruturado e trabalhado durante anos, o curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências do Tocantins (FACIT-TO) tornou-se uma realidade em agosto deste ano e já com oferta de vagas para o segundo semestre de 2021.
Segundo Angela Maria Silva, diretora geral da faculdade, o investimento foi grande no curso, já que a área da saúde sempre demanda profissionais bem preparados e atualizados.
“A saúde é um segmento que pede uma formação completa, com vivências práticas e teóricas, estágios, contato direto com a realidade do mercado. E acreditamos que somente a modalidade presencial pode oferecer isso. Investimos e estruturamos o curso porque sabemos o quanto a Enfermagem exige dos profissionais e queremos oferecer excelência”.
Mercado atual
Segundo o Cofen, há atualmente no mercado brasileiro cerca de 2,5 milhões de profissionais da Enfermagem devidamente registrados. Contingente que, também de acordo com o conselho, é suficiente para atender as demandas do mercado, inclusive durante a pandemia.
“A autorização para que instituições de ensino ofertem, cada uma, centenas ou milhares de vagas de Enfermagem aàistância não atende os interesses do SUS, não atende aos interesses do Brasil. Resta-nos refletir – que interesses estão sendo atendidos?”, questiona a nota.
Profissional valorizado
Dênia Rodrigues Chagas, atual coordenadora do curso de Enfermagem da FACIT-TO, reforça que, no ambiente hospitalar, a (o) enfermeira (o) tem um papel fundamental de cuidado diário com o paciente, seguindo as orientações médicas e não medindo esforços para proporcionar bem-estar às pessoas.
“Por isso que a formação deste profissional precisa ser tão detalhada e cuidadosa. As experiências que um curso presencial proporciona são muito valiosas e decisivas para a qualidade de atuação na Enfermagem. Há vivências e aprendizados que só são possíveis de serem obtidos dentro de uma faculdade”, pontua Dênia.
Luta antiga
Desde 2015, “o Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem lidera uma mobilização nacional pelo ensino presencial e de qualidade, com realização de campanhas de esclarecimento e audiências públicas em todo o Brasil. Os Conselhos de Enfermagem também apoiam o Projeto de Lei nº. 2891/2015 que proíbe a formação de Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem por meio do ensino à distância”, finaliza a nota do conselho.
Confira a nota do Cofen na íntegra: http://www.cofen.gov.br/conselhos-de-enfermagem-emitem-nota-sobre-o-ead_90033.html